Eu sei que é ridículo, insensato e exagerado, mas estou me sentindo deslocada no tempo. Tenho 21 anos, o que significa que sou mais velha do que muitos jogadores de futebol e muitos atores da malhação. Significa da nasci no século passado há quase 3 décadas. Com 21 anos não compus uma ópera, nem escrevi um livro, nem fiz nenhuma descoberta. 1/4 da minha vida (no mínimo) já passou e o que eu fiz desde então?Não que a minha vida não tenha sido bem vivida. Presenciei momentos que poucas pessoas vivenciaram. Verdade. Mais pelo lado negativo, mas mesmo assim... Minha vida tem sido bastante interessante, porém, ordinária. Ordinária entendam como "ordinary" (comum).Isso sem contar que as 21 anos em séculos não tão distantes uma mulher já teria uns 4 filhos, fácil. Minha avó paterna, por exemplo: com 21 anos estava casada há 4, com um filho de 3 e outro de 1 e meio.Não estou querendo dizer que a vida só tem importância se tiver filhos, LOOOONGE DE MIM, o fato é que com 21 anos muito gente já viveu coisas que eu nem imagino viver tão cedo.Cedo? Cedo demais para ter filhos, velha demais para vergonha, paixonite, intriguinha, brincadeiras, cartas? É esse o motivo da crise. Não saber em que faixa da vida me encontro. Não que isso me preocupe muito, aliás acabou de me surgir isso.Sempre que passo na frente de escolas penso no quanto faz tempo desde que eu a deixei. Há 4 anos eu terminava o colegial. E aqueles remotos tempos de nerd humilhada por toda a classe? Me amarguram até hoje? Não, não. Longe disso também. E o tempo do meu primeiro beijo? Aaaanos! 8, actually. Aí, passando na frente dessas escolas, olho a criançada. Dos menores (todos nascidos depois de 2000, o que me desespera um pouquinho - poderiam ser meus filhos) até os maiores, os populares que fumam, se catam, tocam violão na frente da escola. É, pouca coisa mudou desde a minha época.Época?Tão estranho dizer isso...Tantas memórias... Um montão de rancores (só de memória, não de sentimento), risadas, humilhações, aventuras, conversas, experiências, pessoas, amores, mudanças... Vivi tanto, mas ao mesmo tempo, tão pouco! E se já aconteceu tanta coisa, o que os outros 3/4 de vida ainda me reservam?
Então, que a vida (adulta) comece!
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
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