quarta-feira, 22 de abril de 2009

Discussão sobre o tipo de estudante de jornalismo que está entrando no mercado

Minha faculdade é uma merda.

Desculpe, mas é força do hábito. O impulso me fez generalizar. Na verdade, a universidade é boa. A PUC é bem conceituada, tem tradição, professores bem preparados. Eu sei que o Direito da PUC é ótimo, assimo como todos os cursos mais tradicionais. Mas o jornalismo é uma merda. Quanto a isso não há dúvida. E não é exagero e nem generalização. A maioria do pessoal que estudou comigo assinaria embaixo.

Foram 4 anos de ENROLAÇÃO. Várias matérias sem sentido, professores medíocres que gastavam o tempo de aula inteiro para falar inutilidade (momento histórico: professora de filosofia falando sobre câncer na vulva), professores que não apareciam para dar aula... A rigor, eu não sei o que é ME ESFORÇAR desde o final do 3º colegial. Levei a faculdade na flauta. No meu curso mal teve prova, e quando tinha era dissertação/enrolação. Sinto falta de responder questões.

O curriculum do curso era absurdamente falho. Tanto que dois anos após entrarmos, um novo curriculum foi aprovado, com aulas que contemplavam até montagem e atualização de blogs. Isso sim é matéria útil. Aconteve que eu ainda peguei o curso velho.

Daí que as aulas que eu mais gostei na faculdade não eram específicas do jornalismo. Tipo Fonoaudiologia e Direito. Sim, adorei Direito. Me chamem de conservadora, quadradona, mas eu gosto é de aulas dadas do modo tradicional. Essa história de deixar a sala ficar discutindo por horas, dias, meses a fio sempre me irritou. Às vezes é super válido, mas ser esse o único método de aula faz parecer que rola um total desinteresse do professor. Eu gosto de aula em que o professor escreve na lousa e a gente tem que copiar, em silêncio. E apenas Direito era assim.

Eu nunca entendi muito bem como a PUC era conceituada em jornalismo, com aquele monte de professor picareta (salvas poucas exceções) e aulas antiquadas. Aí falavam: UNIbairros da vida tem estrutura, tem disciplina, tem matérias atuais. Acontece que só dá cabeça oca. É um processo de modelagem, e não de aprendizado. Os alunos são treinados para fazer um texto com um formato pré-definido. Mas pensar e questionar não faz parte do que lhes é passado. E é essa a diferença crucial da PUC. A nós SÓ é passada a mania de pensar e questionar. Querendo ou não, a gente lê bem mais do que um aluno de uma Uninove ou UNIP.

Acontece que só tive a prova definitiva de que isso era verdade numa entrevista de emprego que eu fui semana passada.
Um teste com várias perguntas nos foi passado. Além de ter que escrever um release (coisa que UNIPs da vida são condicionados a fazer bem, mas eu nunca aprendi), tinha que responder perguntas simples, mas que requerem uma mínimo de bagagem cultural, coisa que UNIbairros não trabalham em seus alunos.

Na primeira questão, deveríamos responder quem inaugurou o conceito de livro-reportagem que provou que não-ficção poderia ser tão literário quanto ficção. Eu não li o livro ainda, e não me orgulho, mas se tem uma pergunta que QUALQUER jornalista puquiano sabe responder... É essa. A resposta? Se você é estudante de jornalismo ou já formado e não sabe, você DEFINITIVAMENTE precisa ler. Faça uma pesquisa na internet e descubra. Ou grifa aê: "A sangue frio", do Truman Capote.

Em seguida, perguntas sobre livros que você leu, filmes que você viu, peças de teatros que assistiu. E uma lista de pessoas famosas para responder o que elas fizeram. Na lista nomes como Dilma Rousseff, Ana Carolina Jatobá, Aécio Neves, Protógenes de Queiroz (outro nome que qualquer jornalista puquiano que se preze saberia responder), Dorothy Stang... Também uma lista de cidades, para falar em que estado ficava.

Ou seja: um teste ABSURDAMENTE FÁCIL.

Mas na saída eu percebi pessoas conversando e reclamando que o teste era muito difícil. Difícil? É difícil responder onde fica Presidente Prudente? Ou Londrina? Blumenau, Manaus, São Luís? Sério, gente, em que país esses jornalistas recém-formados vivem? E o que mais me espantou: NINGUÉM dos que reclamavam havia respondido à primeira pergunta, aquela do autor do gênero de livro-reportagem tal como o conhecemos.

A essa altura nem se trata do emprego em si. Nem é o trabalho dos meus sonhos, definitivamente. Mas, sério, gente, que vergonha alheia desses jornalistas que estão entrando no mercado. VÃO LER, peloamordedeus.

Não que eu seja um exemplo, longe disso, há falhas dantescas no meu eu intelectual, mas eu sei raciocinar, pelo menos. E tenho orgulho em dizer que os puquianos, do jornalismo eu garanto, também sabem, por mais doidões que sejam.

Ou seja: por pior que tenha sido o curso, me formei no lugar certo. Poderia ter sido bem pior.

Eu poderia não saber quem é Gay Talese, poderia nunca ter lido "Rota 66" e muito menos ter devorado o excepcional "Notícias do Planalto". Certamente eu nunca teria lido John Reed e nem os livros-reportagem do Gabriel Garcia Marquez. Não teria lido várias biografias do Ruy Castro. E poderia, vejam só, nem saber o que é o new journalism e nem o que diabos Truman Capote fez!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Cinema, séries... "A Sete Palmos"!

Para começo de conversa:
nossa, estou com vergonha do tempo sem atualizar esse blog. Divulgo o endereço dele no orkut, no twitter, até no meu e-mail, para alguém entrar aqui e se deparar com atualizações de 1 mês atrás? Ai, que feio, Ana.

Enfim. Ando assistindo muitas séries. Não chego a ser uma viciada, daquelas que assiste várias simultaneamente, ainda sou muito inexperiente no "ramo". Mas sempre que assisto algum episódio lembro das minhas aulas de Cinema (não lembro o nome exato da matéria) com o Cypriano, um cara bem bacana que dá, além das aulas relacionadas à história do cinema, uma optativa de Artes Plásticas lá na PUC.

As aulas eram basicamente seminários. Eu fiz sobre Gláuber Rocha e Stanley Kubrick, e devo dizer que os aprendizados adquiridos nessas aulas são alguns dos mais sólidos em 4 anos de faculdade. Mas já começo a divagar.
Voltando: o Fábio Cypriano (procurem no Google, ele é bem conhecidinho) é daqueles que criticam impiedosamente o cinema nacional e aquele tipo de cinema feito com linguagem publicitária. É só lembrar que Fernando Meirelles, dentre outros cineastas de nome, são publicitários. O Cypriano defende que o cinema hollywoodiano (e o brasileiro, também) estão impregnados de linguagem publicitária. E sabe para onde foram os diretores de cinema que não cedem à pressão mercadológica?

SÉRIES!

Olha, eu adoro cinema nacional, até gosto da linguagem publicitária (numa dessas aulas o Cypriano mostrou aquela cena de "Babel" em que a japonesa surda-muda vai a uma discoteca. A luz do lugar pisca com flashs, assim como o som, mostrando simultaneamente a visão da surda-muda e das pessoas "normais". Em seguida, o Cypriano mostrou uma cena de uma comercial qualquer. Surpreenderia se eu dissesse que a cena do filme é praticamente idêntica a metade das peças publicitárias de celulares?). Ok, jornalistas, me odeiem. Não ligo.

Enquanto isso, as séries são um refúgio para diretores "não-corrompidos". Eles se expressam como querem, não tem merchandising (pelo menos escancarado)... Há tantos canais pagos... O público é mais amplo, mais cabeça aberta.
Daí eu fui assistir "Six Feet Under", que passou na HBO (dizem que é lá que são produzidas as melhores séries) entre 2001 e 2005.

É difícil pensar em qualquer ponto negativo da série, "A Sete Palmos", em português. Eu a conhecia mas tinha certa ojeriza por tratar de assuntos mórbidos. Mas como eu estava enganada! Então, lá pela 3ª temporada, descobri que o Alan Ball, o escritor, é o roteirista do filme "Beleza Americana", que é um dos meus prediletos.
Por mais que no filme questões complexas - como homossexualidade, machismo, infidelidade, drogas - sejam tratadas, a profundidade não chega perto do que é feito na série. Lógico, o filme tem 2h. A série tem 5 temporadas de 12 episódios, cada um com 50 minutos.

"A Sete Palmos" é sobre o cotidiano de uma casa funerária e a família que é dona dela. Nem vou tentar resumir, porque corre-se riscos...
Antes eu achava que eu tinha cabeça aberta. A série provou o quanto sou cabeça aberta. Metade das pessoas que eu conheço não conseguiria assistir aquilo. Ficariam vidrados - negativamente, é claro - na putaria explícita, mas, gente, tem tanto sentimento em tudo... São causas JUSTAS, por assim dizer. Por mais tabu que sejam. Cada personagem te envolve...
O que dizer do casal gay? Absurdamente apaixonante. Cenas tórridas de romance homossexual, gente fumando maconha episódio sim e outro episódio também, conflitos, solidão, infidelidade... E tudo relacionado à casa funerária.
Pode parecer que é apenas uma série "porra-louca", mas é tudo tão profundo, tão PARTE dos personagens! Não dá para fazer julgamentos precipitados. E eu sei que você, que não assistiu a série, está fazendo. Então baixe a série clicando aqui e tire suas próprias conclusões.

E ontem finalmente vi o último episódio. Na verdade, assisti aos 5 últimos episódios de uma vez. Faltando 3 para terminar, eu já chorava incontrolavelmente. No último... Bom, o Alan Ball SABE tocar fundo. Assim como eu sai do cinema, após "Beleza Americana", soluçando (como 80% do público presente), com o fim de "Six Feet Under" continuei chorando por mais de meia hora. Meu deus. MELHOR FINAL DO MUNDO. Arrepio de lembrar.

Falando de outras séries... Já assisti "Dexter", sobre o serial killer justiceiro, com o mesmo Michael C Hall que faz "A Sete Palmos". Achava que não fosse gostar... pfff. Excelente. Acho que assisti a 2ª temporada em apenas um dia, tão viciante que era.
Também vi "Prison Break", outro que eu tinha um certo preconceito, por ser tão... masculino. Pra que? Vício de não conseguir assistir sem apertar alguma coisa bem forte, tamanha adrenalina. Tenho assistido Lost, que não me pega taaaanto, mas é bacana. Vi Heroes e felizmente desisti. Assisto esporadicamente "Friends" e "Sex and City" na TV, mas aí é sitcom, é diferente.
E tô indo ali puxar "True Blood", a nova série do Alan Ball. Porque me conquistou o cara.

Ops, ficou enorme. Malz aê.
 
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