Minha faculdade é uma merda.
Desculpe, mas é força do hábito. O impulso me fez generalizar. Na verdade, a universidade é boa. A PUC é bem conceituada, tem tradição, professores bem preparados. Eu sei que o Direito da PUC é ótimo, assimo como todos os cursos mais tradicionais. Mas o jornalismo é uma merda. Quanto a isso não há dúvida. E não é exagero e nem generalização. A maioria do pessoal que estudou comigo assinaria embaixo.
Foram 4 anos de ENROLAÇÃO. Várias matérias sem sentido, professores medíocres que gastavam o tempo de aula inteiro para falar inutilidade (momento histórico: professora de filosofia falando sobre câncer na vulva), professores que não apareciam para dar aula... A rigor, eu não sei o que é ME ESFORÇAR desde o final do 3º colegial. Levei a faculdade na flauta. No meu curso mal teve prova, e quando tinha era dissertação/enrolação. Sinto falta de responder questões.
O curriculum do curso era absurdamente falho. Tanto que dois anos após entrarmos, um novo curriculum foi aprovado, com aulas que contemplavam até montagem e atualização de blogs. Isso sim é matéria útil. Aconteve que eu ainda peguei o curso velho.
Daí que as aulas que eu mais gostei na faculdade não eram específicas do jornalismo. Tipo Fonoaudiologia e Direito. Sim, adorei Direito. Me chamem de conservadora, quadradona, mas eu gosto é de aulas dadas do modo tradicional. Essa história de deixar a sala ficar discutindo por horas, dias, meses a fio sempre me irritou. Às vezes é super válido, mas ser esse o único método de aula faz parecer que rola um total desinteresse do professor. Eu gosto de aula em que o professor escreve na lousa e a gente tem que copiar, em silêncio. E apenas Direito era assim.
Eu nunca entendi muito bem como a PUC era conceituada em jornalismo, com aquele monte de professor picareta (salvas poucas exceções) e aulas antiquadas. Aí falavam: UNIbairros da vida tem estrutura, tem disciplina, tem matérias atuais. Acontece que só dá cabeça oca. É um processo de modelagem, e não de aprendizado. Os alunos são treinados para fazer um texto com um formato pré-definido. Mas pensar e questionar não faz parte do que lhes é passado. E é essa a diferença crucial da PUC. A nós SÓ é passada a mania de pensar e questionar. Querendo ou não, a gente lê bem mais do que um aluno de uma Uninove ou UNIP.
Acontece que só tive a prova definitiva de que isso era verdade numa entrevista de emprego que eu fui semana passada.
Um teste com várias perguntas nos foi passado. Além de ter que escrever um release (coisa que UNIPs da vida são condicionados a fazer bem, mas eu nunca aprendi), tinha que responder perguntas simples, mas que requerem uma mínimo de bagagem cultural, coisa que UNIbairros não trabalham em seus alunos.
Na primeira questão, deveríamos responder quem inaugurou o conceito de livro-reportagem que provou que não-ficção poderia ser tão literário quanto ficção. Eu não li o livro ainda, e não me orgulho, mas se tem uma pergunta que QUALQUER jornalista puquiano sabe responder... É essa. A resposta? Se você é estudante de jornalismo ou já formado e não sabe, você DEFINITIVAMENTE precisa ler. Faça uma pesquisa na internet e descubra. Ou grifa aê: "A sangue frio", do Truman Capote.
Em seguida, perguntas sobre livros que você leu, filmes que você viu, peças de teatros que assistiu. E uma lista de pessoas famosas para responder o que elas fizeram. Na lista nomes como Dilma Rousseff, Ana Carolina Jatobá, Aécio Neves, Protógenes de Queiroz (outro nome que qualquer jornalista puquiano que se preze saberia responder), Dorothy Stang... Também uma lista de cidades, para falar em que estado ficava.
Ou seja: um teste ABSURDAMENTE FÁCIL.
Mas na saída eu percebi pessoas conversando e reclamando que o teste era muito difícil. Difícil? É difícil responder onde fica Presidente Prudente? Ou Londrina? Blumenau, Manaus, São Luís? Sério, gente, em que país esses jornalistas recém-formados vivem? E o que mais me espantou: NINGUÉM dos que reclamavam havia respondido à primeira pergunta, aquela do autor do gênero de livro-reportagem tal como o conhecemos.
A essa altura nem se trata do emprego em si. Nem é o trabalho dos meus sonhos, definitivamente. Mas, sério, gente, que vergonha alheia desses jornalistas que estão entrando no mercado. VÃO LER, peloamordedeus.
Não que eu seja um exemplo, longe disso, há falhas dantescas no meu eu intelectual, mas eu sei raciocinar, pelo menos. E tenho orgulho em dizer que os puquianos, do jornalismo eu garanto, também sabem, por mais doidões que sejam.
Ou seja: por pior que tenha sido o curso, me formei no lugar certo. Poderia ter sido bem pior.
Eu poderia não saber quem é Gay Talese, poderia nunca ter lido "Rota 66" e muito menos ter devorado o excepcional "Notícias do Planalto". Certamente eu nunca teria lido John Reed e nem os livros-reportagem do Gabriel Garcia Marquez. Não teria lido várias biografias do Ruy Castro. E poderia, vejam só, nem saber o que é o new journalism e nem o que diabos Truman Capote fez!
Desculpe, mas é força do hábito. O impulso me fez generalizar. Na verdade, a universidade é boa. A PUC é bem conceituada, tem tradição, professores bem preparados. Eu sei que o Direito da PUC é ótimo, assimo como todos os cursos mais tradicionais. Mas o jornalismo é uma merda. Quanto a isso não há dúvida. E não é exagero e nem generalização. A maioria do pessoal que estudou comigo assinaria embaixo.
Foram 4 anos de ENROLAÇÃO. Várias matérias sem sentido, professores medíocres que gastavam o tempo de aula inteiro para falar inutilidade (momento histórico: professora de filosofia falando sobre câncer na vulva), professores que não apareciam para dar aula... A rigor, eu não sei o que é ME ESFORÇAR desde o final do 3º colegial. Levei a faculdade na flauta. No meu curso mal teve prova, e quando tinha era dissertação/enrolação. Sinto falta de responder questões.
O curriculum do curso era absurdamente falho. Tanto que dois anos após entrarmos, um novo curriculum foi aprovado, com aulas que contemplavam até montagem e atualização de blogs. Isso sim é matéria útil. Aconteve que eu ainda peguei o curso velho.
Daí que as aulas que eu mais gostei na faculdade não eram específicas do jornalismo. Tipo Fonoaudiologia e Direito. Sim, adorei Direito. Me chamem de conservadora, quadradona, mas eu gosto é de aulas dadas do modo tradicional. Essa história de deixar a sala ficar discutindo por horas, dias, meses a fio sempre me irritou. Às vezes é super válido, mas ser esse o único método de aula faz parecer que rola um total desinteresse do professor. Eu gosto de aula em que o professor escreve na lousa e a gente tem que copiar, em silêncio. E apenas Direito era assim.
Eu nunca entendi muito bem como a PUC era conceituada em jornalismo, com aquele monte de professor picareta (salvas poucas exceções) e aulas antiquadas. Aí falavam: UNIbairros da vida tem estrutura, tem disciplina, tem matérias atuais. Acontece que só dá cabeça oca. É um processo de modelagem, e não de aprendizado. Os alunos são treinados para fazer um texto com um formato pré-definido. Mas pensar e questionar não faz parte do que lhes é passado. E é essa a diferença crucial da PUC. A nós SÓ é passada a mania de pensar e questionar. Querendo ou não, a gente lê bem mais do que um aluno de uma Uninove ou UNIP.
Acontece que só tive a prova definitiva de que isso era verdade numa entrevista de emprego que eu fui semana passada.
Um teste com várias perguntas nos foi passado. Além de ter que escrever um release (coisa que UNIPs da vida são condicionados a fazer bem, mas eu nunca aprendi), tinha que responder perguntas simples, mas que requerem uma mínimo de bagagem cultural, coisa que UNIbairros não trabalham em seus alunos.
Na primeira questão, deveríamos responder quem inaugurou o conceito de livro-reportagem que provou que não-ficção poderia ser tão literário quanto ficção. Eu não li o livro ainda, e não me orgulho, mas se tem uma pergunta que QUALQUER jornalista puquiano sabe responder... É essa. A resposta? Se você é estudante de jornalismo ou já formado e não sabe, você DEFINITIVAMENTE precisa ler. Faça uma pesquisa na internet e descubra. Ou grifa aê: "A sangue frio", do Truman Capote.
Em seguida, perguntas sobre livros que você leu, filmes que você viu, peças de teatros que assistiu. E uma lista de pessoas famosas para responder o que elas fizeram. Na lista nomes como Dilma Rousseff, Ana Carolina Jatobá, Aécio Neves, Protógenes de Queiroz (outro nome que qualquer jornalista puquiano que se preze saberia responder), Dorothy Stang... Também uma lista de cidades, para falar em que estado ficava.
Ou seja: um teste ABSURDAMENTE FÁCIL.
Mas na saída eu percebi pessoas conversando e reclamando que o teste era muito difícil. Difícil? É difícil responder onde fica Presidente Prudente? Ou Londrina? Blumenau, Manaus, São Luís? Sério, gente, em que país esses jornalistas recém-formados vivem? E o que mais me espantou: NINGUÉM dos que reclamavam havia respondido à primeira pergunta, aquela do autor do gênero de livro-reportagem tal como o conhecemos.
A essa altura nem se trata do emprego em si. Nem é o trabalho dos meus sonhos, definitivamente. Mas, sério, gente, que vergonha alheia desses jornalistas que estão entrando no mercado. VÃO LER, peloamordedeus.
Não que eu seja um exemplo, longe disso, há falhas dantescas no meu eu intelectual, mas eu sei raciocinar, pelo menos. E tenho orgulho em dizer que os puquianos, do jornalismo eu garanto, também sabem, por mais doidões que sejam.
Ou seja: por pior que tenha sido o curso, me formei no lugar certo. Poderia ter sido bem pior.
Eu poderia não saber quem é Gay Talese, poderia nunca ter lido "Rota 66" e muito menos ter devorado o excepcional "Notícias do Planalto". Certamente eu nunca teria lido John Reed e nem os livros-reportagem do Gabriel Garcia Marquez. Não teria lido várias biografias do Ruy Castro. E poderia, vejam só, nem saber o que é o new journalism e nem o que diabos Truman Capote fez!
3 comentários:
Ana, vc simplesmente extravasou td o que eu sinto. Na verdade, td que nós, jornalistas puquianos, sentimos nesses 4 anos de faculdade. Hj somos recém-formados e reclamamos que não há vagas. Não há vahas para quem pensa e tampouco para os UNIformados. O que me entristece é que, às vezes, os UNIformados levam a vaga justamente por saberem escrever um release enquanto nós, bom, nós pensamos....pensamos durante 4 anos e, pelo menos eu, não sei no que eu estava pensando quando resolvi ser jornalista. Falta trabalho bacana e sobra frustração, falta vida de qualidade e não sobra nem um tostão. Enfim, parabéns pelo seu texto, adorei! Mesmo sendo um texto realista da profissão...vc escreve mto mto bem!
Uma última consideração: o meu comentário pode soar um pouco pessimista, mas ainda assim eu tenho um orgulho imensurável de ser FILHA DA PUC! =)
amiuga, pelomenos vc tem consciência q poderia ter sido pior neh?
pra vareiar escrevendo bem pacas... esqueci d perguntar como tinha sido a entrevista :P
jaja a gente talka
:*
Daí que não passei, galera.
Tá vendo? Raciocinar não te leva a lugar nenhum, se vc não tem Q.I.
Postar um comentário